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O silêncio foi meu epitáfio...

  • Foto do escritor: Marise Cotrin
    Marise Cotrin
  • 4 de out.
  • 1 min de leitura

Escutei um barulho seco no cômodo ao lado…

O tipo de som que corta o ar e obriga o corpo a se mover.

Caminhei como quem atende a um chamado inevitável, já sabendo que não haveria volta.


No chão, um corpo imóvel.

Me aproximei devagar.

Toquei seu rosto: familiar, íntimo, quase meu.

Procurei sinais vitais, mas já não respirava.

O silêncio confirmou o que eu sabia: diante de mim estava a última parte viva de quem eu fui.


O rosto carregava uma pureza que não existe mais em mim.

Reconheci ali a esperança, a fé ingênua, o amor leal, uma bondade sem limites... aquela que eu oferecia a todos, mesmo sem retorno.

A peguei nos braços com cuidado, como quem carrega algo precioso e ao mesmo tempo perdido. Sem desespero, apenas com a certeza: aquela versão não respiraria outra vez.


A enterrei dentro de mim.

No lugar, ficou um silêncio denso, escolhido. Não o vazio imposto, mas o espaço que precisei criar para renascer.

O silêncio foi meu epitáfio.


Mas sei que desse vazio nascerá outra parte.

Não com ternura.

Não com fé cega.

Com uma bondade agora selecionada, consciente.

Nascerá nua, crua, sem ilusões.


Apenas eu.

Sem disfarces.

 
 
 

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